Edifício de habitação plurifamiliar da segunda metade do século XVIII ou do início do século XIX
Em 2022, prossegue a obra de alteração e ampliação de um edifício de habitação plurifamiliar na Freguesia da Estrela, em Lisboa.
O edifício é composto por 3 pisos de habitação e uma loja no piso térreo, com um pequeno logradouro a tardoz ao nível do piso 1. As paredes exteriores e meeiras são em alvenaria de pedra e tijolo ligada por argamassa de cal e areia. As interiores são em tabique de madeira, fasquiado e gaiola. No piso térreo existe um sistema de suporte em arcos. Nos pisos superiores, os pavimentos, as escadas e a cobertura assentam em barrotes de madeira. Os pavimentos são em soalho e os tetos em saia-camisa. O telhado tem duas águas revestidas com telha Marselha, com beirado tradicional assente em cornija. A composição do alçado principal é simétrica com três vãos emoldurados em cantaria em cada piso, coroada por uma trapeira de fachada com frontão triangular. Os paramentos da fachada principal são revestidos a azulejo.
"No piso térreo, os azulejos são verdes com relevo de temática vegetalista, datável à segunda metade do século XX. Nos pisos superiores, na trapeira e no tímpano do frontão, os azulejos são de padrão polícromo de temática vegetalista, com frisos a demarcar os elementos de cantaria e um florão azul ao centro do frontão da trapeira, datáveis ao terceiro quartel do século XVIII."
O estado de conservação do edifício é bastante mau e tendo em consideração a simplicidade arquitetónica do interior do edifício, é sobretudo valorizável a sua imagem exterior, designadamente a que lhe é conferida pela composição e escala da fachada principal, pelo revestimento azulejar e pela trapeira de morfologia singular.
A intervenção
O projeto visa a manutenção do programa habitacional plurifamiliar estendido ao piso térreo. A intervenção pressupõe uma reconfiguração interna do edifício, mantendo os elementos estruturais reforçados com elementos metálicos desde o piso térreo até à cobertura.
A morfologia da cobertura é replicada mas com uma inclinação mais acentuada e com uma área técnica a tardoz para a instalação dos equipamentos de ventilação. Na cobertura são introduzidas janelas complanares com as águas do telhado.
O programa é composto por quatro fogos, sendo um por piso, incluindo o piso térreo, dos quais três com tipologia T1 e um com tipologia T2 duplex no último piso. Neste sentido, procede-se à regeneração funcional dos espaços piso a piso, para que se enquadrem nos padrões de conforto atuais, com áreas mais amplas, com kitchenettes e instalações sanitárias devidamente equipadas, com áreas técnicas e de arrumos. A comunicação vertical entre os pisos é assegurada pela escada existente, com alterações ao nível dos patins e dos guarda-corpos para maior conforto e segurança dos utilizadores.
O alçado principal mantém a traça original e o revestimento azulejar, mas os paramentos da trapeira são prolongados lateralmente com dois vãos, ligeiramente recuados para destacar a permanência da trapeira da fachada. As platibandas laterais da trapeira também são prolongadas. O alçado tardoz é reconfigurado ao nível do piso térreo e do piso 1, sendo a ocupação do logradouro ao nível térreo parcialmente estendida ao piso 1 com um jardim de inverno. O muro fronteiro ao alçado tardoz, é revestido com um jardim vertical.
Duarte Palma Rato, Arq.
Obra em curso, 2022
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